Será que podemos confiar na nossa intuição?

Acabou de conhecer um novo colega de trabalho. Alguns segundos depois surge dentro de si a sensação de que algo nesta pessoa não está a cheirar bem. Esta situação parece-lhe familiar? Este faro nada mais é do que a sua intuição a funcionar. Mas até que ponto é possível confiar na intuição? Apesar de ser uma fonte de informação fundamental para lidar com diversos desafios do quotidiano, será que também pode ser enganadora?

Imagine que quando estava no liceu era alvo de bullying. Havia um rapaz em particular que lhe roubava diariamente o dinheiro para o almoço. Ora, o seu novo colega de trabalho pode ter um timbre de voz muito semelhante ao rapaz do liceu, ativando dentro de si uma sensação de repulsa. Ou talvez o seu colega tenha esfregado o polegar e o indicador da mão direita de um forma idêntica ao gesto que o seu pai fazia quando estava prestes a explodir de raiva.

A intuição analisa a linguagem corporal das outras pessoas e atribui um significado emocional a cada situação, baseado nas experiências mais marcantes do seu passado. A emoção que viveu quando o seu pai fazia aquele gesto foi ativada quando o seu colega reproduziu o gesto, tendo sido transportada para esta relação. Na maior parte dos casos não se vai recordar do motivo pelo qual está a sentir uma dada emoção. Surge apenas uma sensação positiva ou negativa quando está a interagir com aquela pessoa.

Imagine agora que confia de forma cega na intuição. Começa a evitar o seu colega, a olhá-lo de lado e a responder-lhe de forma ríspida. Perante este ambiente de desconfiança, o seu colega começa a agir consigo de forma agressiva. Este cenário dá-lhe a convicção que o seu colega não é de confiança e que a sua intuição é infalível, sem se aperceber que foi você quem criou inicialmente esta situação.

Isto significa que a intuição é enganadora e deve ser evitada? De forma alguma! Deve ser escutada, desde que não conduza a juízos de valor precipitados. Voltando ao exemplo inicial, o seu novo colega ativou em si emoções negativas. Esta informação é importante mas deve ser confirmada. Como? Observando a linguagem corporal do seu colega. O corpo é a arena onde as emoções se manifestam, transmitindo informação mais genuína sobre as emoções do que as palavras.

Deverá estar atento às diferentes expressões faciais, movimentos corporais e tensão que ele manifesta enquanto fala sobre determinados assuntos. Nesta medida, poderá comprovar o que ele realmente sente sobre cada assunto, sem projetar nele as suas emoções. Apenas assim é possível criar relações genuínas, sem filtros nem preconceitos do passado, baseadas nas interações reais do presente.

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