Diversos gestos têm uma origem social e são comuns a diferentes culturas. Na maior parte dos casos possuem significados muito específicos e substituem o discurso verbal. Um exemplo típico é o uso do polegar para cima para indicar que está tudo “OK”. São normalmente realizados de forma deliberada e em frente ao rosto da outra pessoa. No entanto, existem circunstâncias em que estes gestos podem ser utilizados de forma inconsciente, revelando pensamentos e emoções ocultas.
Vários estudos comprovaram a presença deste curioso fenómeno. A experiência original foi desenvolvida por Paul Ekman em 1956 na Universidade Adelphi em Nova Iorque. Ekman pediu ao diretor do departamento de psicologia para convocar diversos alunos para uma sala, onde tinha sido instalada uma câmara de vídeo oculta que registava todos os seus comportamentos. Assim que os alunos que se voluntariaram para esta experiência entravam na sala, o diretor questionava-os sobre o que pretendiam fazer após concluírem a licenciatura. Independentemente das respostas e sem qualquer motivo aparente, o diretor começava a criticá-lo severamente. Mais ainda, interrompia constantemente os alunos, nunca permitindo que eles terminassem as frases.
Como deve calcular, esta é uma situação que induz nos alunos um misto de emoções como a tristeza, o medo e a raiva. Esta última emoção pode ser ativada quando alguém se comporta de forma injusta connosco. Um professor começar a insultar um aluno sem uma razão aparente é um exemplo paradigmático. No entanto, os alunos tinham receio das consequências associadas à expressão direta da sua raiva e contiveram as suas emoções.
O mais interessante foi o facto de um dos alunos ter esticado o dedo médio no preciso momento em que o ataque do professor era mais evidente. Não levantou a mão nem fez o gesto em frente ao rosto do professor mas manteve as mãos em cima do joelho, tendo o dedo médio subitamente sobressaído. Este gesto é por demais conhecido, sendo uma forma de insultar outra pessoa. Após a experiência, o aluno foi questionado sobre o gesto. Apesar de não se recordar de o ter feito, confirmou que estava a sentir raiva naquele momento. Neste caso, o gesto falou pelo aluno revelando a emoção que estava a sentir.
Poderíamos pensar que foi apenas uma coincidência. Porém, diversas experiências realizadas por outros investigadores comprovaram exatamente o mesmo fenómeno.
Um exemplo de lapso gestual:
Veja-se o caso de Obama. No preciso momento em que está a destacar as qualidades do Senador McCain, Obama faz uma pausa e revela aos 15 segundos o que está realmente a sentir através de um lapso gestual. Veja aqui o vídeo.