A mentira acompanha o ser humano desde as suas origens mais remotas. Devido aos seus perigos, todas as grandes civilizações inventaram técnicas para identificar os mentirosos e castigá-los pelos seus atos. Vamos ver algumas.
O arroz
Há mais de 3.000 anos atrás os Chineses forçavam os suspeitos a mastigar pó de arroz e depois cuspirem o conteúdo para o chão! Caso o pó de arroz estivesse seco, o suspeito era considerado culpado e condenado à morte.
A teoria por trás desta experiência é simples. O medo produz secura na boca. Quando o suspeito cospe pó de arroz seco, está com medo da sua mentira ser descoberta.
Os burros
Os Indianos inventaram 500 anos depois outro sistema de deteção de mentiras muito curioso. Os suspeitos eram obrigados a entrar numa tenda escura para procurar um burro e puxar-lhe a cauda! Sabiam que, se o burro zurrasse, eles eram acusados de estarem a mentir.
O truque estava na colocação de fuligem na cauda do burro. Se o suspeito saísse da tenda e não tivesse as mãos cobertas de fuligens, concluía-se que não tinha puxado a cauda do burro pelo medo da sua mentira ser revelada.
O polígrafo
A versão moderna dos testes do arroz e do burro é o polígrafo. Este aparelho regista os resultados de quatro indicadores psicofisiológicos: pressão arterial, ritmo cardíaco, resposta eletrodérmica (suor da pele) e respiração. A pressão arterial e o ritmo cardíaco são registados através de uma braçadeira colocada no braço, a resposta eletrodérmica através de dois elétrodos de metal em redor dos dedos e a respiração através de duas correias presas ao peito e estômago. Em alguns casos, existe uma almofada com um sensor colocada na cadeira que regista todos os micromovimentos que o suspeito realiza durante o teste.
O exame poligráfico
O exame poligráfico divide-se em duas etapas.
Na primeira etapa o examinador tenta convencer o suspeito que o polígrafo é invencível. Para tal, pede-lhe para escolher uma carta de um baralho, memorizá-la e colocá-la novamente no baralho. O examinador mostra todas as cartas do baralho ao suspeito, analisa os registos do polígrafo e adivinha a carta memorizada. Na realidade, o examinador faz batota e marca a carta para garantir que está sempre correto. Após ter incutido a crença na infalibilidade do polígrafo, o teste começa.
Na segunda etapa o examinador alterna entre
- Perguntas neutras (que dia da semana é hoje?)
- perguntas de controlo (alguma vez roubou na sua vida?)
- perguntas relevantes (roubou o Mercedes preto na quinta-feira passada?)
Se detetar variações significativas entre estes registos, o suspeito é acusado de estar e mentir.
O polígrafo mente?
Posso desde já garantir-lhe que o polígrafo nunca se engana! Regista de forma muito objetiva as respostas fisiológicas de stress produzidas pelo sistema nervoso autónomo.
Contudo, a relação entre o stress e a mentira não é linear e pode ser problemática. Posso estar nervoso por estar a mentir mas também por achar que estou a ser desacreditado ou pelo assunto ter uma carga emocional intensa. Mais ainda, posso usar estratégias que confundem os resultados do polígrafo como morder a língua ou fazer cálculo mental durante uma pergunta de controlo.
Tal como os testes do arroz e do burro, o polígrafo não é um meio fidedigno de deteção de mentiras. A forma mais eficaz de captar a credibilidade é através da análise da linguagem corporal e das microexpressões faciais.