Darwin, Duchenne e a descoberta do sorriso genuíno

No início, foi Darwin

O estudo científico da linguagem corporal iniciou-se formalmente em 1872 com a publicação de Charles Darwin “A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais”. Nesta obra, Darwin afirma que a expressão de algumas emoções na face tem uma origem biológica e universal. Contudo, o consenso da comunidade científica da altura assegurava que a expressão facial era aprendida por socialização e imitação cultural. Durante quase 100 anos, a obra de Darwin foi ignorada e criticada por não apresentar provas científicas conclusivas.

Darwin baseou uma parte substancial da sua pesquisa nas fotografias do livro “O Mecanismo da Fisionomia Humana”, publicado por Guillaume Duchenne em 1862. Este neurologista francês considerava que a expressão facial das emoções era o portal de acesso direto à alma humana. Para esse efeito, escolheu vários sujeitos a quem estimulava os músculos da face através de choques elétricos.

A maior parte das fotografias foram tiradas com um homem que Duchenne apelidava de “o velho desdentado com um rosto fino”. Uma vez que este sofria de uma patologia que anestesiava os músculos do rosto, Duchenne podia estimular eletricamente todos os músculos faciais pois o homem não sentia qualquer tipo de dor. Muitas das fotografias são inquietantes, revelando expressões distorcidas e grotescas. Veja aqui algumas das fotografias tiradas por Duchenne.

Sorriso genuíno ou sorriso social?

Curiosamente, foi Duchenne quem descobriu a diferença entre um sorriso genuíno e um sorriso social.

Um sorriso genuíno é uma expressão natural e espontânea de alegria. Um sorriso social é algo que manifestamos quando queremos ser educados ou quando desejamos demonstrar concordância e cooperação. Veja-se por exemplo, quando lhe pedem para sorrir para uma foto. Não está verdadeiramente a sentir alegria. Está voluntariamente a fabricar uma expressão para gerir melhor as suas relações interpessoais.

Para homenagear o grande neurologista francês, Paul Ekman intitulou o sorriso genuíno de “Sorriso Duchenne”. Em contraponto, apelidou o sorriso social de “Sorriso Pan Am”, devido às Assistentes e Comissárias de Bordo da antiga companhia aérea Pan American World Airways serem obrigadas a sorrir, mesmo quando os clientes eram desagradáveis.

Qual é, então, a diferença entre um sorriso genuíno e um sorriso social?

Ambas as expressões revelam na região inferior do rosto uma elevação simétrica e simultânea de ambos os cantos dos lábios. A grande diferença reside nos olhos.

No Sorriso Pan Am é visível um ligeiro levantamento das pálpebras inferiores devido ao levantamento das bochechas gerado pelo sorriso.

No Sorriso Duchenne, pelo contrário, é visível o apertamento do músculo externo em redor dos olhos. Esta contração move a pele entre as sobrancelhas e as pálpebras superiores ligeiramente para baixo, levanta ainda mais as bochechas e cria ou acentua os pés de galinha existentes. Uma vez que a grande maioria das pessoas não consegue contrair de forma voluntária o músculo ocular externo, é um indicador muito fiável de alegria genuína.

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