Os 3 erros centrais na deteção da mentira

Como é que consegue detetar um mentiroso? Quais são as pistas para avaliar a credibilidade?

É necessário estar alerta para algumas das ideias transmitidas pela cultura popular que, não só estão incorretas, como impossibilitam uma análise fidedigna do comportamento não verbal. Vou apresentar-lhe os 3 mitos centrais relacionados com a deteção da mentira.

1 – Erro de Pinóquio

Todas as pessoas se recordam da história de Pinóquio, o rapaz de madeira criado por Geppetto. O elemento mais famoso associado ao Pinóquio é o crescimento do seu nariz após contar uma mentira.

O Erro de Pinóquio consiste na tendência para considerar que existe um conjunto de comportamentos específicos que sinalizam com exatidão a presença de uma mentira. Ora, o ser humano gosta de padrões e é muito apelativo pensar que basta reconhecer um comportamento particular (como tocar no nariz, colocar a mão à frente da boca ou desviar o olhar) para saber quando alguém está a mentir.

No entanto, não existem comportamentos exclusivamente associados à mentira. Mais ainda, alguém que se fixa em padrões concretos terá uma pior taxa de

sucesso na deteção de mentiras do que uma pessoa leiga. Assim que aquela pessoa identifica um dos

comportamentos pré-estabelecidos, assume automaticamente que o outro está a mentir e vai filtrar toda a informação necessária para comprovar o seu julgamento.

Como é que pode evitar este erro? Mantendo uma mente aberta e neutra durante o período de observação, sem fazer interpretações precipitadas.

2 – Erro de Brokaw

Tom Brokaw foi o pivô central do programa NBC Nightly News durante 22 anos. Durante este período, realizou centenas de entrevistas a personalidades famosas. De acordo com o jornalista, sempre que alguém dava respostas sinuosas ou evitava uma questão complexa, estava a mentir.

O Erro de Brokaw baseia-se no julgamento das particularidades individuais como sinais de mentira. O jornalista não tomou em consideração que as pessoas diferem naturalmente na forma como se expressam.Várias pessoas têm tiques e comportamentos específicos (como mexer na orelha ou contrair os lábios) que têm de ser considerados.

Como é que pode excluir este erro? Ao observar atentamente o comportamento natural e usual da pessoa, poderá identificar os seus comportamentos típicos e a linha neutra que ela manifesta naquele contexto específico.

3 – Erro de Otelo

Recorda-se de Otelo de Shakespeare? Na final da peça, Otelo acusa a sua esposa Desdémona de o estar a trair com Cássio. Desdémona implora a Otelo que chame Cássio, para que este testemunhe a sua inocência. Otelo revela-lhe que já mandou matar Cássio. Desdémona, injustamente acusada e incapaz de provar a sua inocência, fica com pavor de morrer. Otelo interpreta o medo de Desdémona como um sinal de culpa. Corroído pelo ciúme e convencido da sua infidelidade, acaba por matá-la. O Erro de Otelo ocorre quando este lê a reação de Desdémona como expressão da mentira. Contudo, uma pessoa inocente pode ter medo de ser desacreditada.

De certeza que já viu séries policiais em que os detetives, ao começar a interrogar um suspeito, afirmam que ele é culpado. Isto impede a observação adequada do seu comportamento: está com medo por estar a mentir ou por estar a ser injustamente acusado e com medo das consequências? O polígrafo, o famoso “detetor de mentiras”, baseia-se precisamente nas alterações fisiológicas do medo como indicadores da mentira.

Qual é a melhor forma de escapar a este erro? Mesmo que esteja a desconfiar de alguém, não revele as suas suspeitas. Mantenha uma atitude o mais neutra possível durante o questionamento e a observação.

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